quarta-feira, 15 de abril de 2015

Professor, psicopata é a mesma coisa que psicótico?

"O chato da turma"

Quem já passou pelos primeiros períodos de psicologia (até em outros cursos) já devem ter visto alguém ou foi esse alguém que teve a coragem de fazer este tipo de pergunta ou outra parecida, considerada por muitos como absurdas. 

INTERROMPE AS AULAS para falar do tio-avô, filho, amigo ou vizinho que tem isso ou aquilo, tendo sempre uma história para contar. Estou falando daquele que é visto como "o CHATO da turma", que não perde a oportunidade de FICAR CALADO, que quando LEVANTA A MÃO para falar gera um pensamento do tipo: "ai vem merda", pois é, saiba que apesar deste olhar negativo de conviver ou ser esse "chato da turma", este cara tem muito a ganhar e/ou contribuir devido esse perfil.


Vejam alguns benefícios em ser e conviver com "o chato do primeiro período":



I. Ser curioso, movido pelas dúvidas ele estará sempre questionando alguma coisa, o que possibilitará a busca de compreensão.

II. Transmissor de sinceridade, pois ele sempre terá coragem de dizer ao professor quando um determinado conteúdo não foi compreendido.

III. Comprometido, "o chato da turma" costuma levantar questões que podem sim ter relevância em certos momentos.

IV. Criativo, ele pode elaborar uma nova forma de pensar sobre algo que antes ninguém havia pensado.

V. Modificador, transformará as aulas chatas e arrastadas que ninguém tem paciência de assistir em momentos de descontração e interesse.

VI. Exemplar, as vezes os professores realizam uma pergunta para turma e ninguém responde, independente de certa ou errada "o chato da turma" não deixará os professores sem resposta.

VII. Incentivador, dará coragem para os demais colegas de se colocarem diante de uma discussão.


Espero que depois destas informações você possa olhar esse "chato" a partir de uma perspectiva positiva. Acredite ou não, mas em algum momento pode ser que ele mude de postura o que poderá ser ou não bom para a dinâmica da turma. 

Caso você seja "o chato da turma" tenha cuidado com os exageros de interrupções, pois, se tornar extremante excessivo, ocupando 100% do tempo das aulas, será mais fácil você contratar um professor particular ou até questionar o nosso amigo google (quem nunca?) para tirar suas dúvidas. Outro cuidado diz respeito aos lugares onde os questionamentos serão feito, por exemplo, ir para um congresso, palestra ou um evento onde você não estará com a sua turma ou com algum professor de sua Universidade/Curso estas considerações positivas não serão tão validas, podendo até ser constrangedor, dependendo da situação, não que você deixar de tirá suas dúvidas, mas, pensar bem sobre a necessidade de tal pergunta em determinados espaços.

Para aqueles que vieram em busca da resposta em relação a pergunta do título:
Psicótico é aquele que vive uma realidade distinta da qual a maioria compartilha, criando ou ressignificando à realidade. Já Psicopata é o individuo que tem a tendência de causar sofrimento e/ou matar pessoas alheias sem demonstrar compaixão por elas. 


Por: Edmilson de C. da Silva

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Vamos falar sobre a morte ?


A morte pode ser vista como um mistério incompreensível. Ou como um absurdo inaceitável. A morte pode até ser tratada como um tabu, assunto do qual a maioria das pessoas não gosta de falar. Mas, seja como for, aceitemos isso ou não, a morte é um fato, uma realidade inexorável. E que vem para todos nós. Por mais que queiramos nos esconder dela, deixar de existir é uma coisa tão natural quanto existir. Na verdade, a morte é provavelmente a única coisa certa na sua existência ou na minha - e também na de nossos pais, nossos filhos, nossos ídolos e inimigos, de  todas as pessoas que amamos e mesmo daquelas que jamais chegaremos a conhecer: é certo que todos nós vamos morrer um dia. Pessoas boas, pessoas ruins, gente em Xanxerê, Santa Catarina, ou em Nagano, no Japão. E esse dia pode acontecer amanhã ou daqui a 60 anos. 


A morte faz parte da vida. Todos começamos a morrer exatamente no dia em que nascemos. A morte, portanto, é um etapa da nossa existência com a qual temos que conviver. Pode-se conviver melhor ou pior com ela. Mas não se pode evitá-la. Pode-se aceitar a sua inevitabilidade e olhá-la de frente. Ou pode-se negá-la, fugir dela, imaginar que não pensar na morte possa fazer com que ela deixe de acontecer com você ou com a sua família. Mas o fato é que todos nós estamos programados para nascer, crescer e morrer - uma obviedade esquecida por boa parte da sociedade ocidental contemporânea, que teima em ver a morte como um evento artificial, inesperado e injusto. Sobretudo, costumamos vê-la como um evento exclusivo, pessoal, que isola quem sofre uma perda, por meio da dor, do resto do mundo. Quando, ao contrário, não há nada menos exclusivo do que morrer. Nem nada que perpasse mais a humanidade do que o sofrimento de uma perda. Como está expresso na fábula tibetana, a morte não é privilégio nem desgraça particular de ninguém. Ela chega para todos, sem exceção. 



Como não podemos evitar a morte, só nos resta conviver bem com ela....

(trecho do artigo de M. Fernanda Vomero) 


Para quem ainda não se conforma com a morte, está passando por um momento difícil de perda e luto ou possui curiosidade sobre o tema, existe um instituto de psicologia chamado "Quatro Estações", que oferece atendimento para as pessoas que passam por este momentos, além disso, eles prestam formação com esta temática, para profissionais da área de saúde e educação, vale apena conferir.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Se um dia eu surtar...


Se um dia eu surtar quero que seja diferente,
quem sabe agir como uma criança que acredita na fada dos dentes.
Poder dar de ombros quando alguém vier brigar comigo.

Se um dia eu surtar quero ser criativo,
viver de devaneios construtivos.
Inventando coisas além de um simples delírio.

Se um dia eu surtar quero ser crente,
ter como base de minha conduta a fé num Deus soberano.
 Contudo, não radicalizando a minha loucura.

Se um dia eu surtar quero ser engraçado,
causar graça e ao mesmo tempo poder rir de minhas bromas.
Mas uma coisa eu prometo, não irei fazer piada sobre loucos.

Se um dia eu surtar quero ser resiliente,
Compor até rimas com os tormentos da minha mente.
Aproveitar o lado sensato de ser um insano.

Se um dia eu surtar quero poder trabalhar,
encarar as doideiras de outros loucos.
Que eu seja digno de ser um ótimo profissional.

Se um dia eu surtar espero que seja de modo parcial,
para poder desfrutar os dois lados das realidades.
Conhecer diferentes modos de ser.

Antes de tudo isso, eu peço...
Se um dia eu surtar, torço que seja por amor.
Mesmo surtado desejo que este amor seja compreensível,
a mim e para as pessoas quais eu amo.


Edmilson de C. da Silva

quarta-feira, 4 de março de 2015

Medo do silêncio

Antes mesmo de começar a estagiar, tinha algo que me amedrontava, lia e re-lia textos e artigos que abordava o tema, mas mesmo assim eu pensava "e se não for possível?". Eu sabia que de alguma forma comigo a experiência seria diferente e que eu não saberia o que fazer com ele...

O silêncio, sim era ele, o meu maior vilão, eu acho que o não saber me gerava este medo. Medo tamanha que até em silêncio eu ficava para que ninguém desconfiasse. Eu sabia que em determinados momentos ele seria necessário, mas... até que ponto? Quando o silêncio sairá de cena? Eram estas as questões que me  indagavam enquanto estagiário de primeira viajem. Então lá fui eu a minha primeira consulta, com a possível chance de encarar este vilão. Tudo corria bem, ao meu ver, até que no segundo encontro, sem me preocupar, ele aparece... rapidamente ele saiu de cena, para o meu alivio e segui o atendimento. Tudo parecia fluir só que.. sim, ele voltou e voltou de um jeito que me fez esquecer todas as cartas que eu tinha nas mangas, tomando conta daquela pequena sala, me fez sentir um aluno do primeiro período, foi então que depois de alguns minutos, a paciente nos tirou daquele abismo silencioso, dai eu pude perceber que ele fazia parte do modo dela de estar naquele espaço, e não haveria modo de vence-lo, mas de compreende-lo e aceita-lo.

Assim como neste caso, o silêncio pode ser uma forma de resposta não verbal, embora tal fato seja frequentemente considerado sem importância, no entanto pode significar muito. O silêncio pode ter diversos significado. Através dele, terapeuta e paciente podem estar se aproximando mais um do outro, partilhando alguma coisa; ou o silêncio pode mostra-lhes como realmente é profundo o abismo que os separa. O silêncio pode dar mais enfase a um desentendimento. Pode ser neutro, ou conter muita empatia. 
Como uma resposta deliberada, o silêncio implica que o entrevistador decidiu não dizer nada, considerando isso como a coisa mais útil que pode oferecer no momento. Decidiu não interferir verbalmente, mas está dentro do processo, e sua presença é sentida pelo paciente. É como se o terapeuta estivesse dizendo: "Você sabe que estou escutando. Creio que a melhor maneira pela qual posso ser útil a você agora é me mantendo em silêncio".
Mesmo achando que eu deveria lidar de alguma forma com aquele silêncio, acabei tendo a melhor atitude para aquele momento... aceita-lo. Depois desta experiência o silêncio voltou aparecer em outros casos.. mas não me causado medo como antes.

Texto de apoio: Entrevista de Ajuda de  A. Bejamin (2008)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Quero clinicar, mas tenho que amar RH?

Após mais um dia de aula, em meu caminho para casa, esbarro com um colega que havia se formado a cerca de um ano. Curioso como sempre, lhe fiz uma pergunta "como é, ser psicólogo?" , e, num tom de alerta ele me respondeu "ame RH (Recursos humanos), pois é a área que mais da emprego". Após essa fala, lembrei de que ele era um rapaz que gostava e da área clínica, no entanto, apareceu neste episódio trajado e moldado como um Psicólogo Organizacional. Contudo mesmo com esta postura ele revelou a sua antiga afinidade por um modelo clínico de atuação e até alguns momentos de atuação como psicólogo clínico, mas o que realmente ocupava a maior parte de seu tempo e o que estava lhe rendendo um retorno financeiro maior era a sua prática Organizacional.

Este não foi o primeiro e acredito que não será o último a me mostrar a Psicologia Organizacional como uma saída, ou melhor, entrada no mercado, para profissionais de psicologia recém-formado. Mesmo tendo foco em outro campo de atuação e necessitado de um retorno financeiro maior, muitos tem lançado mão à esta prática, mas até quando?  
Não crítico a prática Organizacional, de maneira nenhuma, alias, é um campo bastante valorizado e o que mais nos permite um espaço de atuação. O que me intriga são as possibilidades nas demais áreas de atuação, o não reconhecimento da necessidade do profissional em determinados espaços (como por exemplo, nas escolas públicas) e a forma de como este profissional é preparado pelas Universidades. É tão lindo ler nos livros as diversas formas de atuação deste profissional, mas e na realidade em sí? Como faz para atuar com determinada prática? Infelizmente o buraco é mais fundo do que se pensa...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Não pense em Elefantes cinzas

Querido leitor:
Antes de começar, vou lhe pedir que em silêncio, realize um pequeno exercício mental:
Não pense em um elefante. Não imagine aquele animal enorme cinzento cheio de rugas, nem tente visualizar grandes dentes brancos e afiados. Não pense no tamanho de suas orelhas e em sua imensa tromba apontando para o céu fazendo um enorme barulho.
Conseguiu não pensar nele?
Graças a linguagem, o ser humano é capaz de realizar uma série de comportamentos, como raciocinar, calcular, imaginar, avaliar, lembrar, desejar, comparar…
Tudo isso significa que temos grande vantagem em relação aos demais animais, tais vantagens como apreciar uma lembrança de uma pessoa amada que não se encontra presente ou imaginar uma situação desejada que nunca foi vivida. Contudo, esta contingência também trás consigo uma inevitável possibilidade de experimentar o sofrimento. Por acaso, quem nunca se preocupou atoa com algo que nunca veio acontecer? Quem nunca se culpou por situações passadas em determinados momentos da vida? Será que existe alguém que nunca lamentou a perda um ente querido? E quem recusa conhecer certas pessoas que tem tudo que todos o outros desejam ter, são elas sem caráter? 
Por esta e outras razões, não podemos afirmar que o ser humano é um exemplo perfeito de "conduta" e "felicidade" como o nosso sistema cultural promove, já que as vezes ele se sente triste, perdido, nervoso, desanimado, ansioso, enfadado, sem esperança... No entanto, embora que isso seja inevitável em nossas vidas, estes fatos são visto pela sociedade como algo bastante negativo, que deve ser evitado, indesejável e modificado, para que possamos melhorar a qualidade de vida. 
Infelizmente, como experimentamos no exercício mental no começo, isso nem sempre e possível. Não só os acontecimentos externos escapam de nosso controle, mas também ocorre em nossos pensamentos, sentimentos e emoções. Então, por que  tanto esforço para tentar mudar aquilo que, por natureza, não se pode controlar?
O truque, quem sabe, está em aprender a aceitar as coisas que não se pode mudar e nos responsabilizamos pelas coisas que que estão no nosso controle.
Para concluir, vou pedir mais uma vez que realize o exercício mental:
Não pense em um elefante. Não imagine aquele animal enorme cinzento cheio de rugas, nem tente visualizar grandes dentes brancos e afiados. Não pense no tamanho de suas orelhas e em sua imensa tromba apontando para o céu fazendo um enorme barulho.
Eai, tentou não evitar pensar nele?
                                                            

Texto original: Rafael Alberti

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Escolha suas escolhas

Dias atrás me pegue olhando para o ontem, lembrando do passado e questionando como seria minha vida se eu não tivesse tomado determinada escolha. Não que eu esteja arrependido da vida que levo hoje... mas curioso se por exemplo, ao invés de ter entrado na faculdade eu tivesse comprado um carro ou ingressado no serviço militar. Nada impede que eu tente fazer isso agora, no entanto eu sei que hoje seria diferente.



Normalmente quando me pego chateado com algo que se relaciona a grandes escolhas me gera duvida na exatidão desta escolha, não posso culpar um fato por ter mudado minha vida, pois sou eu quem tive opção de escolher e tendo esta opção fico passivo de qualquer consequência que isto pode me causar.


É, parece ser fácil falar em escolha, porém é algo muito relativo, pois há escolhas que só depende da gente e tem aquelas acreditamos que ao tempo pertence. Mas por quê acreditar que o tempo tem propriedade sobre o que compete a nós decidirmos? Alguns irão dizer, mas e a morte? Eu não escolhi morrer ou viver... Como William Reis diz em uma frase "A única certeza da vida é que a morte um dia vai chegar." Mas e os bebês? Os fetos que são abortados, eles tiveram escolhas? Acredito que o modo de como este se comporta no ventre já manifesta suas vontades, os bebês também possuem sua forma peculiar de comunicar com sua mãe ou com quem lhe cuida. Voltando ao foco... Precisamos fazer escolhas, pois são a partir delas que nossas vidas vão tomando determinados rumos. Quem nunca viu o comercial onde uma jovem se indaga "Não sei se caso ou se compro uma bicicleta?!", uma escolha como esta mostra o quão pode ser a consequência de determinada escolha, até mesmo abrir mão de sua escolha é uma escolha.

*Cena do filme Bekas (2012) onde dois irmãos órfãos que vivem nas ruas de Curdistão decidem ir para América para encontrar o Superman.

A mídia, a sociedade normalmente vem tentando conquistar nossa opção, dificilmente se ver alguém apresentar um fundamento maior em ter que tomar determinada decisão, simplesmente querem que você escolha "este" ou "aquele", "isso" ao invés "daquilo", e quando lhe trazem alguma justificativa sempre apontam o que de negativo pode ocorrer caso você apresente uma escolha contrária daquilo que eles querem oferecer. Pois é, escolha não refletida parecem fácil e escolhas demoradas costumam ser vistas como difíceis. Independente se você for escolher casar ou comprar uma bicicleta o que importa é poder escolher...

Edmilson C.da Silva