quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Quero clinicar, mas tenho que amar RH?

Após mais um dia de aula, em meu caminho para casa, esbarro com um colega que havia se formado a cerca de um ano. Curioso como sempre, lhe fiz uma pergunta "como é, ser psicólogo?" , e, num tom de alerta ele me respondeu "ame RH (Recursos humanos), pois é a área que mais da emprego". Após essa fala, lembrei de que ele era um rapaz que gostava e da área clínica, no entanto, apareceu neste episódio trajado e moldado como um Psicólogo Organizacional. Contudo mesmo com esta postura ele revelou a sua antiga afinidade por um modelo clínico de atuação e até alguns momentos de atuação como psicólogo clínico, mas o que realmente ocupava a maior parte de seu tempo e o que estava lhe rendendo um retorno financeiro maior era a sua prática Organizacional.

Este não foi o primeiro e acredito que não será o último a me mostrar a Psicologia Organizacional como uma saída, ou melhor, entrada no mercado, para profissionais de psicologia recém-formado. Mesmo tendo foco em outro campo de atuação e necessitado de um retorno financeiro maior, muitos tem lançado mão à esta prática, mas até quando?  
Não crítico a prática Organizacional, de maneira nenhuma, alias, é um campo bastante valorizado e o que mais nos permite um espaço de atuação. O que me intriga são as possibilidades nas demais áreas de atuação, o não reconhecimento da necessidade do profissional em determinados espaços (como por exemplo, nas escolas públicas) e a forma de como este profissional é preparado pelas Universidades. É tão lindo ler nos livros as diversas formas de atuação deste profissional, mas e na realidade em sí? Como faz para atuar com determinada prática? Infelizmente o buraco é mais fundo do que se pensa...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Não pense em Elefantes cinzas

Querido leitor:
Antes de começar, vou lhe pedir que em silêncio, realize um pequeno exercício mental:
Não pense em um elefante. Não imagine aquele animal enorme cinzento cheio de rugas, nem tente visualizar grandes dentes brancos e afiados. Não pense no tamanho de suas orelhas e em sua imensa tromba apontando para o céu fazendo um enorme barulho.
Conseguiu não pensar nele?
Graças a linguagem, o ser humano é capaz de realizar uma série de comportamentos, como raciocinar, calcular, imaginar, avaliar, lembrar, desejar, comparar…
Tudo isso significa que temos grande vantagem em relação aos demais animais, tais vantagens como apreciar uma lembrança de uma pessoa amada que não se encontra presente ou imaginar uma situação desejada que nunca foi vivida. Contudo, esta contingência também trás consigo uma inevitável possibilidade de experimentar o sofrimento. Por acaso, quem nunca se preocupou atoa com algo que nunca veio acontecer? Quem nunca se culpou por situações passadas em determinados momentos da vida? Será que existe alguém que nunca lamentou a perda um ente querido? E quem recusa conhecer certas pessoas que tem tudo que todos o outros desejam ter, são elas sem caráter? 
Por esta e outras razões, não podemos afirmar que o ser humano é um exemplo perfeito de "conduta" e "felicidade" como o nosso sistema cultural promove, já que as vezes ele se sente triste, perdido, nervoso, desanimado, ansioso, enfadado, sem esperança... No entanto, embora que isso seja inevitável em nossas vidas, estes fatos são visto pela sociedade como algo bastante negativo, que deve ser evitado, indesejável e modificado, para que possamos melhorar a qualidade de vida. 
Infelizmente, como experimentamos no exercício mental no começo, isso nem sempre e possível. Não só os acontecimentos externos escapam de nosso controle, mas também ocorre em nossos pensamentos, sentimentos e emoções. Então, por que  tanto esforço para tentar mudar aquilo que, por natureza, não se pode controlar?
O truque, quem sabe, está em aprender a aceitar as coisas que não se pode mudar e nos responsabilizamos pelas coisas que que estão no nosso controle.
Para concluir, vou pedir mais uma vez que realize o exercício mental:
Não pense em um elefante. Não imagine aquele animal enorme cinzento cheio de rugas, nem tente visualizar grandes dentes brancos e afiados. Não pense no tamanho de suas orelhas e em sua imensa tromba apontando para o céu fazendo um enorme barulho.
Eai, tentou não evitar pensar nele?
                                                            

Texto original: Rafael Alberti

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Escolha suas escolhas

Dias atrás me pegue olhando para o ontem, lembrando do passado e questionando como seria minha vida se eu não tivesse tomado determinada escolha. Não que eu esteja arrependido da vida que levo hoje... mas curioso se por exemplo, ao invés de ter entrado na faculdade eu tivesse comprado um carro ou ingressado no serviço militar. Nada impede que eu tente fazer isso agora, no entanto eu sei que hoje seria diferente.



Normalmente quando me pego chateado com algo que se relaciona a grandes escolhas me gera duvida na exatidão desta escolha, não posso culpar um fato por ter mudado minha vida, pois sou eu quem tive opção de escolher e tendo esta opção fico passivo de qualquer consequência que isto pode me causar.


É, parece ser fácil falar em escolha, porém é algo muito relativo, pois há escolhas que só depende da gente e tem aquelas acreditamos que ao tempo pertence. Mas por quê acreditar que o tempo tem propriedade sobre o que compete a nós decidirmos? Alguns irão dizer, mas e a morte? Eu não escolhi morrer ou viver... Como William Reis diz em uma frase "A única certeza da vida é que a morte um dia vai chegar." Mas e os bebês? Os fetos que são abortados, eles tiveram escolhas? Acredito que o modo de como este se comporta no ventre já manifesta suas vontades, os bebês também possuem sua forma peculiar de comunicar com sua mãe ou com quem lhe cuida. Voltando ao foco... Precisamos fazer escolhas, pois são a partir delas que nossas vidas vão tomando determinados rumos. Quem nunca viu o comercial onde uma jovem se indaga "Não sei se caso ou se compro uma bicicleta?!", uma escolha como esta mostra o quão pode ser a consequência de determinada escolha, até mesmo abrir mão de sua escolha é uma escolha.

*Cena do filme Bekas (2012) onde dois irmãos órfãos que vivem nas ruas de Curdistão decidem ir para América para encontrar o Superman.

A mídia, a sociedade normalmente vem tentando conquistar nossa opção, dificilmente se ver alguém apresentar um fundamento maior em ter que tomar determinada decisão, simplesmente querem que você escolha "este" ou "aquele", "isso" ao invés "daquilo", e quando lhe trazem alguma justificativa sempre apontam o que de negativo pode ocorrer caso você apresente uma escolha contrária daquilo que eles querem oferecer. Pois é, escolha não refletida parecem fácil e escolhas demoradas costumam ser vistas como difíceis. Independente se você for escolher casar ou comprar uma bicicleta o que importa é poder escolher...

Edmilson C.da Silva