Após mais um dia de aula, em meu caminho para casa, esbarro com um colega que havia se formado a cerca de um ano. Curioso como sempre, lhe fiz uma pergunta "como é, ser psicólogo?" , e, num tom de alerta ele me respondeu "ame RH (Recursos humanos), pois é a área que mais da emprego". Após essa fala, lembrei de que ele era um rapaz que gostava e da área clínica, no entanto, apareceu neste episódio trajado e moldado como um Psicólogo Organizacional. Contudo mesmo com esta postura ele revelou a sua antiga afinidade por um modelo clínico de atuação e até alguns momentos de atuação como psicólogo clínico, mas o que realmente ocupava a maior parte de seu tempo e o que estava lhe rendendo um retorno financeiro maior era a sua prática Organizacional.
Este não foi o primeiro e acredito que não será o último a me mostrar a Psicologia Organizacional como uma saída, ou melhor, entrada no mercado, para profissionais de psicologia recém-formado. Mesmo tendo foco em outro campo de atuação e necessitado de um retorno financeiro maior, muitos tem lançado mão à esta prática, mas até quando?
Não crítico a prática Organizacional, de maneira nenhuma, alias, é um campo bastante valorizado e o que mais nos permite um espaço de atuação. O que me intriga são as possibilidades nas demais áreas de atuação, o não reconhecimento da necessidade do profissional em determinados espaços (como por exemplo, nas escolas públicas) e a forma de como este profissional é preparado pelas Universidades. É tão lindo ler nos livros as diversas formas de atuação deste profissional, mas e na realidade em sí? Como faz para atuar com determinada prática? Infelizmente o buraco é mais fundo do que se pensa...